Estudos recentes sugerem que dietas de baixo carboidrato podem melhorar a sensibilidade à insulina ao aumentar a função das células beta. Essas células, localizadas no pâncreas, são responsáveis pela produção e liberação de insulina, hormônio que controla os níveis de açúcar no sangue.
Uma nova pesquisa indica que adultos com diabetes tipo 2 leve podem beneficiar-se de uma dieta com baixo teor de carboidratos, potencialmente melhorando sua função das células beta e, até mesmo, eliminando a necessidade de medicamentos.
Embora especialistas expressem preocupações sobre a sustentabilidade de dietas low-carb, eles também oferecem dicas para implementá-las de forma eficaz e alternativas baseadas em evidências para melhorar a função das células beta.
O Impacto da Dieta na Função das Células Beta
Um estudo controlado randomizado envolveu 57 adultos, homens e mulheres, entre 35 e 65 anos, diagnosticados com diabetes tipo 2 leve, apresentando hemoglobina A1c (HbA1c) de até 8,0% e índice de massa corporal (IMC) entre 25 e 50. Os participantes, diagnosticados nos últimos 10 anos, estavam em tratamento com dieta ou medicamentos, mas não utilizavam insulina.
Os participantes interromperam suas medicações uma ou duas semanas antes do teste inicial e foram designados a uma das duas dietas durante 12 semanas: uma dieta com cerca de 9% de carboidratos e 65% de gordura, e outra com aproximadamente 55% de carboidratos e 20% de gordura. Ambas as dietas eram eucalóricas, projetadas para fornecer as calorias necessárias para manter o peso corporal.
Os pesquisadores avaliaram a função das células beta e a liberação de insulina por meio de testes específicos no início e ao final do período de intervenção dietética.
Resultados Promissores da Dieta Low-Carb
Após 12 semanas, os resultados mostraram melhorias significativas na função das células beta e na liberação de insulina entre os participantes da dieta low-carb em comparação com aqueles da dieta de alto carboidrato. Especificamente, os indivíduos da dieta de baixo carboidrato apresentaram melhorias de 100% e 22% na resposta inicial e máxima das células beta, respectivamente.
Além disso, o teste de tolerância à glicose oral revelou que a dieta low-carb aumentou a eficácia da insulina na regulação dos níveis de glicose no sangue em 32%. Notavelmente, adultos negros que seguiram a dieta low-carb tiveram uma melhoria de 110% na resposta rápida das células beta, enquanto adultos brancos mostraram uma melhoria de 48% na resposta máxima.
Compreendendo os Mecanismos por Trás das Melhorias
Os pesquisadores sugerem que as respostas variadas à intervenção dietética entre diferentes grupos raciais podem estar relacionadas a diferenças biológicas na função das células beta. Embora a sensibilidade à insulina não tenha mostrado mudanças significativas, a melhora nas respostas das células beta provavelmente se deve à redução da carga sobre essas células, causada pela diminuição da glicose proveniente dos carboidratos.
Tornando a Dieta Low-Carb Sustentável
Embora uma dieta de baixo carboidrato possa ser eficaz para gerenciar o diabetes tipo 2, a adesão pode ser desafiadora, especialmente entre os adultos mais velhos. Especialistas recomendam algumas estratégias para tornar essa dieta mais sustentável, como:
- Incorporar flexibilidade na ingestão de carboidratos, priorizando alimentos integrais e minimamente processados, ricos em fibras.
- Adicionar variedade e tornar a dieta prazerosa.
- Monitorar regularmente os níveis de açúcar no sangue, especialmente ao ajustar medicamentos sob a orientação de um profissional de saúde.
A pesquisa destaca que, embora as dietas de baixo carboidrato possam ser benéficas, é importante abordar a reintrodução de carboidratos com cautela, para evitar efeitos adversos na saúde.
Os resultados do estudo foram publicados no Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism, da Endocrine Society, e abrem novas possibilidades para o manejo do diabetes tipo 2, destacando a importância de uma abordagem dietética individualizada.